Shadow of the Colossus e a Indústria da Repetição!

Voltando a escrever alguma coisa depois de tanto fora dessa bagaça. E assim como voltar a escrever, andei fazendo um momento nostálgico nos últimos dias, com meu já aposentado, PlayStation 2.

Sim, eu sou jovem e minha nostalgia é o PS2, mas isso não anula o fato de que passei momentos incríveis a frente dessa máquina de grande sucesso, que hoje jaz esquecida no tempo. E um dos jogos pelos quais me reconectei ao passado, foi este que dá título ao post: Shadow of the Colossus.

Esse game me fez captar dois ponto de vista diferentes em questão conceitual e temporal, porém dois pontos de vista igualmente favoráveis ao que faz desse jogo, algo antológico.

Me lembro que na época que joguei esse jogo, já não se falava mais de PS2. A algum tempo já havia sido lançado o PS3, assim como seu concorrente. Meus amigos e eu - assim como qualquer jovem até hoje - ainda presos no tempo com consoles defasados, mas que nos divertiam de maneira incontável.

Quando Shadow chegou em nossas mãos para cada um poder jogar e fechar em seu console, nos admiramos muito rapidamente pelo que o jogo nos apresentava em enredo e dramaticidade, e o mais importante para um pré adolescente, o tom épico. A trilha sonora e a grandeza com a qual somos apresentados aos Colossos, nossos maiores e únicos inimigos do jogo, nos fizeram ficar hipnotizados admirando-os, enquanto passávamos horas quebrando a cabeça pra desvendar como atacar nossos algozes.

Já naquela época, era uma novidade para nós. Era basicamente enfrentar apenas "Bosses" sem precisar passar por lacaios e capangas de meia tigela. Shadow marcou a mim, meus amigos e garanto que todos que jogaram ele independente da idade.

Mas voltando para os dias de hoje, o que posso ver nessa análise do passado? Bom, coisas que acabamos cansando em jogos atuais. Nos jogos de hoje vemos muita repetitividade nos conceitos e objetivos. Cito por exemplo a Ubisoft que está cada vez mais padronizando seus jogos, espalhando a palavra de inovação na jogabilidade e controle dentro de uma franquia específica, mas que no fim das contas, é a mesma coisa da outra franquia, só que com outro nome.

Shadow of the Colossus dispõe de controles simples e de uma jogabilidade fácil de desenvolver. Por outro lado, os recursos do jogo não são óbvios ou mecânicos, é preciso jogar e desvendar para aprender. Um exemplo disso são os Lagartos de Rabo Branco e as Frutas das árvores, no qual você deve usar o arco e flecha para pegar; se você não explorasse o jogo (ou procurasse na internet) não saberia que eles servem para aumentar as barras de Vida e Equilíbrio.

Nos jogos de hoje, já vemos de cara uma mensagem apontando para que serve cada objeto e como você faz para adquiri-lo. Além disso, esses jogos disponibilizam uma penca de auxílios, barras, controles e informações ao jogador, fazendo um gameplay cada vez mais rápido e não proveitoso.

Outra coisa que percebo de diferença é justamente o estudo sobre o que fazer. Em Shadow, havia geralmente, apenas uma maneira de matar o inimigo, então podíamos ficar muito tempo estudando o cenário e o Colosso tentando achar a maneira de faze-lo. E quando se acha essa maneira, isso não significa que será fácil derrotar o Colosso, é apenas metade do trabalho mais difícil.

Hoje, muitas produtoras falam que, "você poderá definir sua estratégia de como completar a missão", mas isso acaba se tornando algo fácil, mecânico e praticamente igual a alguma outra forma. Além é claro, da facilidade absurda de algumas.

Poderia falar muito mais sobre as diferenças de Shadows, como: um jogo quase sem diálogos te prender pelo enredo, um jogo que com poucas missões te faz passar horas jogando, um jogo minimalista na concepção mas com riqueza de detalhes... Enfim.

Esse texto provavelmente passou o ar de "NA MINHA ÉPOCA ERA BEM MELHOR", e apesar dessa ser a mensagem, não significa isso. Na época desse jogo também saía muita merda, assim como hoje saem muitos jogos excelentes e que fogem da curva da repetitividade. Mas depois de jogar tanta coisa, e ver o que a indústria dos games tem feito ultimamente, percebo que esses jogos que mesmo com gráficos imperfeitos,  com missões difíceis e em alguns casos até toscos nos davam mais diversão, prazer e inovação do que vemos hoje.

PS: Não falarei sobre The Last Guardian porque não joguei.