Três Anúncios Para Um Crime

Escrevo este post do passado, para ser publicado após a cerimônia de entrega do Oscar, assim não tenho como saber se minha previsão vai se cumprir, mas este é o filme que merece a estatueta. Apesar de que, pensando bem, premiações artísticas nada mais são do que escolhas baseadas na preferência das pessoas... ah, foda-se, vamos falar do filme!

Como se conta pela centésima vez a mesma história? Abordando por um ponto de vista diferente. Envolvendo um tema necessário. A história de sempre nesse caso é uma mãe buscando por justiça para a filha estuprada e morta. 


O ponto de vista diferente é focar nas personalidades e no quanto todo mundo pode errar e erra feio muito feio. É mostrar que a linha entre certo e errado é bem tênue, que nossas crenças e valores podem parecer justas, descentes ou inofensivas, mas nós temos que lidar com as consequências por mais que achemos que estamos certos. É trazer ajuda em momentos inusitados de forma inesperada. 

O tema necessário é a conivência da sociedade com a violência contra a mulher em favor da reputação do homem. É o quanto o que conta são nossas ações, não nossas intenções; e como as fatalidades que nos acontecem não são justificativas pra nossas merdas. A abordagem do tema ficou ótima, porque quando se tenta fazer as pessoas entenderem o quanto estupro e outras violências contra as mulheres são aceitas, a tendência é que isso seja interpretado com abraços e beijos aos estupradores, quando na verdade, essa aceitação se dá de muitas formas, algumas inclusive parecem bem justas, como a do filme. 

Além de toda essa carga, o filme conta com diálogos fantásticos. Que cena é aquela no hospital? Uma das melhores que já vi em um filme dramático. O elenco é afiadíssimo e afinadíssimo. Que plot twist foi aquele?! E termina com um diálogo aberto no final aberto. Eu queria ser capaz de escrever assim!!!


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